segunda-feira, 31 de outubro de 2011

Baja Portalegre

Este fim de semana disputou-se a 25ª edição de uma das provas que desde o seu inicio me fascinou e então desde que também participei posso dizer que foi uma das melhores experiências por que passei.
E como nasceu sob o espírito da Aventura cada uma das minhas participações foram também uma pequena aventura.
A primeira participação, ou melhor, tentativa de participação foi na edição de 1990, em que pouco mais de um mês antes da prova disseram-me que havia em Alcobaça um boca-de-sapo que tinha participado em duas ou três provas de todo terreno. Como um dos sonhos que sempre tive, e até hoje ainda não realizado, foi o de participar numa prova com um boca-de-sapo, fui à procura dele. Pergunta daqui, pergunta dali, lá descobri o "raio-azul" como ele era chamado pelos mecânicos que lhe davam assistência. Estava com muito mau aspecto e pelo que disseram tinha parado porque tinha o carter estalado. Mas como nestas coisas o coração fala mais alto do que a razão, toca de comprar o carro, inscrever para a prova, que entretanto já era daí a menos de um mês e mãos à obra para trocar o carter, que implicava tirar toda a mecânica fora. Feita a troca verificamos que o motor não sofria só de carter estalado, estava mesmo muito debilitado, fomos fazer um teste e verificámos que tudo estava doente, motor, suspensão, travões, etc. mas mesmo assim ainda não tínhamos desistido, e faltava ainda colocar as portas, que o carro vinha com umas lonas no local das portas da frente porque era mais leve, pelo que me disseram, mas ao tentar colocar as portas é que verificámos a verdadeira razão delas não estarem lá, o carro estava todo vergado, tipo arco de púa e as portas não cabiam no sitio. Dois ou três dias antes da prova lá resolvemos que era melhor aproveitar as noites para dormir do que tentar por o carro a andar, e assim a participação de 1990 acabou antes da prova começar.



Mas como o bichinho estava lá, no ano seguinte resolvi inscrever-me novamente, desta vez não com o boca-de-sapo mas com um Toyota Starlet que tinha sido do troféu e com o qual tinha participado no Rali do Algarve de 1987 e 1989 e que na altura servia de carro de dia a dia.
Foi então feita uma preparação "profunda", colocaram-se umas bolachas na suspensão para o levantar um pouco, dois ou três centímetros, os amortecedores foram ao Porto para o amigo Jorge os afinar como só ele sabe, colocou-se a protecção inferior já utilizada no Algarve, duas bilhas para levar água com isostar e com um tubinho até a boca, e fomos à procura dos pneus que nos tinham sido oferecidos pelo João Almeida e usados no Rali do Algarve de 1989, e levamos umas 3 ou 4 cintas de reboque, porque sempre que eu contava a alguém o que ía fazer ofereciam-me uma e diziam, leva isto que vai ser o que mais vais precisar.
Desta vez fomos mesmo até ao inicio da prova, que começou com o prólogo, numa sexta feira muito chuvosa. Comecei logo a pensar que ía mesmo ter que usar as cintas, mas não, lá fomos patinando de curva em curva e o único susto foi a meio do prologo quando resolvi esticar-me um pouco e ia deixando uma roda num calhau depois de andar "aos papeis", foi como que um abre olhos, pois ia para uma prova de 500 km's e quase deitei tudo a perder só para fazer bonito para o publico.



Chegamos então ao grande dia, em que ia-mos disputar a Baja que era feita toda em linha, o relógio começava a contar no inicio e só parava após 500 kms, tempo de assistência incluído. O tempo estava bom pois tinha parado a chuva e assim podia ser que não tivesse que usar as cintas. Lá fomos andando calmamente num ritmo certinho para não se perder muito tempo mas também para não partir o carro. Por volta do km 100 o primeiro susto, o carro começa a soluçar e acaba por parar, vamos ver, tinha sido o suporte da bateria (que tinha sido reforçado, pois levava uma bateria maior) que se tinha partido e arrancado o cabo da massa. Feita uma ligação de improviso e amarrada a bateria com uma correia, lá seguimos até a primeira zona de assistência para por gasolina, mas antes ainda tivemos que passar a famosa ribeira de Seda, com direito a pés de molho e tudo, mas sem ter que usar as cintas de reboque.



A partir daí foi sempre rolando no nosso ritmo, apenas com mais um ou dois contratempos, como uma subida de areia que foi feita de marcha atrás porque de frente patinava e não subia e mais um engarrafamento numa zona de lama em que tivemos que usar a cinta para ajudar outro concorrente, e depois para nos tirarem, e ainda mais uma situação de principiante, numa zona em que atravessá-mos umas dez ribeiras de pouca profundidade resolvi passar em força numa em que havia muito público, para fazer mais um bonito, e claro está que devia ter imaginado porque é que toda a gente tinha ido para aquela e não para uma das outras, é mesmo isso, essa era a funda e grande mergulho que até passou água por cima do carro, mas como o embalo era tanto passamos para o outro lado, onde estivemos um bocado com o carro a trabalhar em 1 ou 2 cilindros, até que os outros secaram e lá seguimos viagem, com umas pequenas paragens de hora a hora, porque nos tinham dito que o isostar era muito bom para aguentar o dia todo sem fome, o que foi verdade, só não tinham dito que de hora a hora tinha que se verter o usado.
No final foi uma das melhores experiências por que passei e o resultado foi muito acima do esperado, a principal vitória que foi o chegar ao fim, num dos anos que terminaram mais carros de 2 rodas motrizes, e o 2º lugar dessa categoria de 2 rodas motrizes, junto à vitória dos carros até 1.300 e primeiro tracção à frente. Curiosamente quem apareceu como vencedor dos duas rodas na imprensa foi o que ficou em terceiro.
E foi um dos últimos anos em que se podiam fazer Aventuras destas, porque a partir daí começou tudo a ser muito mais profissionalizado e os custos subiram para valores incomportáveis para o espírito com que isto se faziam, mas a mística de Portalegre ainda hoje se mantém muito à custa destes tempos e aventuras destas.

segunda-feira, 3 de outubro de 2011

Rampa de Porto de Mós

No final dos anos 70 o Clube Automóvel da Marinha Grande organizou uma prova a contar para o Campeonato Nacional de Velocidade, que era a Rampa de Porto de Mós. Essa prova realizou-se, salvo erro durante 3 anos e é claro que eu lá estive presente com a minha máquina fotográfica, que na altura já era clássica ;o)
No início dos anos 90 o Núcleo de Desportos Motorizados de Leiria organizou a prova que relançou os campeonatos de clássicos que era o Rali Verde Pino e em que uma das provas especiais desse rali era a Rampa de Porto de Mós, reeditada 12 anos depois. Nessa altura tive a felicidade de poder participar por 3 anos nessa prova e assim realizar um sonho de adolescente. Agora cerca de 20 anos após esses Verde Pino o NDML volta a reeditar esta prova, no próximo dia 5, no formato de Rali Sprint e aberta tanto a clássicos
como desportivos modernos.
Fui então ao fundo do baú e encontrei algumas fotos da rampa para partilhar aqui.
Uma primeira referente à minha presença no Verde Pino de 1993.




Uma outra já das primeiras edições de um dos organiadores da rampa actual, Pedro Mendes Alves no seu Renault que ainda este ano fez de carro zero na Rampa da Foz do Arelho, e que cada vez parece respirar mais saúde. A foto é que infelizmente é a de pior qualidade do lote.

E mais algumas que melhor do que mil palavras representam, não o colorido pois são a preto e branco, mas um pouco da variedade de modelos e níveis de preparação dos participantes nessa época.